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Discurso sobre os problemas burocráticos do Partido Comunista Brasileiro

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Discurso sobre os problemas burocráticos do Partido Comunista Brasileiro

Salve, salve, camaradas.

Eu preciso começar a debater algumas questões que desde domingo vieram a público e tecer algumas considerações. A primeira coisa, gente. Quando eu soltei aquele comunicado público, muitas pessoas vieram me questionar porque não fazer internamente, porque o debate não é interno e tal.

Veja, gente, eu sou militante comunista há quase dez anos, organizado. Eu me passei a me considerar comunista há treze anos atrás. Mas me considero comunista há treze anos e me organizei na juventude do PCB, a UJC, no final de 2013. E assim, eu sempre fiz o debate interno, sempre fiz as disputas internas, sempre busquei construir as coisas nas instâncias do partido.

Essa não é a primeira vez que há uma tentativa de me botar pra fora do partido. Isso aconteceu em 2018, em 2019, em 2021 e eu fiquei calado, fiz o debate interno, fiz a disputa interna, tentando preservar ao máximo o partido. Só pra vocês terem ideia, todo mundo que me acompanha sabe que, por exemplo, em 2020, 2021, 2022, eu tava intensamente fazendo propaganda pro PCB e já tinham tentado me colocar pra fora do partido. Tem um episódio só que eu vou citar, porque eu acho importante, porque tem gente colocando isso como se fosse ego, como se fosse tal.

Em 2021 tava o PCB tava em período congressual. E aí, a maioria da direção do PCB decidiu fechar a Tribuna de Debates só pra delegados do Congresso. Veja, gente, isso não aconteceu, nem durante a ditadura empresarial-militar. Durante a ditadura, o PCB teve um Congresso em que as Tribunas de Debate foram abertas e eram publicadas no jornal do Partido. Percebe? E aí, em 2021, a Tribuna de Debates foi fechada só pra delegados. Então, o conjunto da militância não teve acesso a essas Tribunas de Debates.

Nessa tribuna de debates, várias críticas foram feitas, vários debates foram feitos, e eu me defendi, por exemplo, de tentativas de me botar pra fora do partido. Eu não fui expulso do PCB em 2021, gente, graças à intervenção de camaradas como Ivan Pinheiro e outros, inclusive alguns camaradas que até saíram do partido. Mas eu vou contar só um episódio pra vocês, pra ilustrar isso.

Em 2021, eu tava lendo o livro "Centralismo Democrático" de Lênin, publicado pela Editora Lavra Palavra. E aí, não sei se vocês já repararam que eu tenho uma mania de colocar no livro que eu tô lendo a sigla "IMP", que é a sigla de "importante." Então eu grifo o livro, no trecho, com lápis e coloco "IMP." Aí eu tava lendo esse livro de Lênin e tem uma parte que Lênin falava sobre centralizar a propaganda partidária e fazer com que a propaganda partidária não seja um instrumento para intelectuais se autopromover, mas seja um instrumento do partido. E aí eu grifei isso, coloquei a sigla "IMP" e postei nas minhas redes sociais, como eu sempre faço, tipo assim um trecho massa de Lênin, tá ligado?

O Mauro Iasi pegou essa foto, mandou pro e-mail do CC, disse que "IMP" na verdade era "IASI" e ficou pedindo processo disciplinar e as porra contra mim, sabe? E vários camaradas do partido na lista do CC estavam pedindo minha expulsão, sem processo disciplinar, inclusive na boca do congresso do partido. Aí, nessa época, chega um camarada que nem tá mais no PCB, o Luiz Fernandes, na época era da direção nacional, ele chega e pergunta pra mim:

"Ô camarada, vem cá, esse 'IMP' significa o quê?"

Falo, "Pô, camarada, é uma sigla pra 'importante' que eu fico grifando lendo o livro e coloco isso aí."

Ele falou assim, "Tu tem outras fotos mostrando que tu usa essa sigla pra outros livros?"

Eu disse: "Tenho, pô, é só entrar no meu Twitter, é só eu entrar no meu Facebook, no meu Instagram que tem várias, que eu sempre faço isso. Deixa eu te mostrar."

Aí mandei umas cinco fotos pro Luís. E aí depois ele me explicou o que foi. E depois eu tive acesso. Tentaram me expulsar com um bagulho, com um factoide desse.

Na época o camarada Ivan Pinheiro, e eu não tenho autorização do camarada Ivan, mas na época o camarada Ivan Pinheiro interviu, mandou um e-mail muito duro falando que eu tava sofrendo racismo, que eu tava sofrendo perseguição dos acadêmicos, falando que eu tava sofrendo elitismo, e que estavam arrumando desculpas pra querer me expulsar do partido.

Veja, gente, não disse nada, eu fiz o debate interno. Eu sempre fui um militante disciplinado em tentar fazer o debate. Agora veja, o que aconteceu agora foi o auge do absurdo. Eu fui expulso da direção nacional e estadual do partido, num processo disciplinar viciado. Eu acho que é importante esclarecer algumas coisas.

Teve uma notificação do CC contra mim no começo do ano, porque em fevereiro, na reunião da direção estadual do PCB de Pernambuco, eu fiz uma crítica ao fato do CC não ter política nacional de segurança, não só pra mim, mas pra toda a militância do Brasil. Porque a gente lança vários candidatos, a gente expõe nossos camaradas e a gente não tem uma política de segurança, tá ligado? Por eu fazer uma crítica no CR, no Comitê Regional da Direção Estadual de Pernambuco, ao CC, veio uma ameaça de processo disciplinar contra mim.

Foi por isso que nos documentos que eu divulguei aquela carta ao CC (que inclusive usaram um trecho da carta fora de contexto pra me atacar, pra dizer que eu tenho um ego inflado, que eu tô me comparando a Marielle e não tem nada disso). Eu fiz uma crítica ao CC e a partir disso, vem uma ameaça de processo disciplinar. Então, antes do texto do Ivan, sobre a "Plataforma Anti-imperialista Mundial," antes de eu compartilhar aquilo ali, eu já estava com uma ameaça de processo disciplinar.

Quando eu fiz essas críticas no CR, eu fiz as críticas no espaço correto, no espaço de direção estadual. Veio uma comissão conversar comigo, dizendo que eu não podia fazer críticas ao CC no espaço do CR. Aí eu fiz o que todo militante comunista deve fazer. Eu perguntei: "Camaradas, por favor, onde é que no estatuto do partido e nas resoluções do Congresso de 2021, é proibido fazer críticas ao CC na instância do CR? Onde é que é proibido?" Sabe qual foi a resposta que deram? "Não é proibido nas resoluções, nem no estatuto do partido. Mas é contra a nossa cultura política." Que cultura política, pô! Onde é que isso tá escrito?

Então, veja, camaradas, eu seria expulso da direção do PCB ou das direções estaduais de qualquer forma, isso foi só um pretexto, só uma desculpa. E aí, quando eu vim a público, eu vim a público, camaradas, não foi pensando em mim, não. Eu vim a público porque eu sou só mais um dos exemplos. Eu consigo, camaradas, falar de cabeça o nome de trinta camaradas do PCB, seja do PCB, da UJC, do Ana Montenegro, do Minervino de Oliveira, da Unidade Classista, que estão sendo perseguidos ou já foram expulsos ou estão em processo disciplinar. Todos processos disciplinares viciados, com vários problemas e tal, dentro de um movimento pra tentar expulsar todo mundo que é crítico à maioria do Comitê Central, tentar expulsar todo mundo que apresenta divergências antes da conferência do partido.

Então, conferência do partido tá marcado pra começar em outubro, as tribunas de debate, e depois em janeiro a etapa estadual, em março do ano que vem a etapa nacional. A ideia da maioria do CC é expulsar todo mundo antes da conferência. Então, tipo, eu não sou o único exemplo. Isso é importante. Eu não tô lutando no meu nome, não. Eu tô lutando pelos princípios da Reconstrução Revolucionária do PCB. Eu tô lutando para que o XVI Congresso não seja rasgado. Eu tô lutando em defesa do centralismo democrático da nossa organização. E aí, eu por ser uma voz que alcança muito mais, eu tô falando, mas tô falando em nome de vários camaradas que estão sendo perseguidos.

Gente, eu divulguei isso porque foi importante para mostrar que a direção nacional do PCB mentiu na relatoria que desceu pros CRs do Brasil inteiro na quinta-feira porque eles falam que eu tive possibilidades de ter acesso ao meu relatório de acusação e eu não quis. Eu divulguei os prints conversando com assistente de Pernambuco, Messias, mostrando que eu não tive acesso ao relatório de acusação antes do meu julgamento e mostrando que inclusive passou-se uma semana que eu fui expulso a distância de direção e eu não tinha nem recebido relatório de acusação para escrever meu recurso. Veja, desceu uma mentira para toda militância do PCB, gente. Isso é muito grave, e eu não tenho nem meios internos de desmentir essa mentira.

Falaram que eu não fui pra oitiva porque não quis, e falaram que eu não quis ter acesso a meu documento de acusação. Isso é mentira, tá ligado? Isso é mentira. Assim como na relatoria que desceu para a militância, por exemplo, tem várias mentiras ali, e eu espero que as pessoas que ainda tenham bom senso e dignidade e preocupação com o movimento comunista brasileiro que estão na direção nacional do PCB se manifestem porque, por exemplo, na relatoria que desceu para toda a militância tem um trecho lá de uma fala de autocrítica do Eduardo Serra por ter participado de maneira ilegal da "Plataforma Anti-imperialista Mundial."

Gente, na reunião do CC, sabe o que o Eduardo Serra falou? Ele falou que foi para reunião do Partido Democrático da Coreia, "passou mal," sentou porque a pressão dele tava baixando, e aí quando ele voltou ao normal, ele percebeu que no espaço que era o congresso do Partido Democrático da Coreia, ia começar a reunião da "Plataforma Mundial Anti-imperialista," ou seja, ele mentiu, porque isso é mentira. Ele falou isso na reunião de CC. Aí vários camaradas foram questionaram, "Ô Eduardo, mas você leu uma intervenção do PCB. No espaço, a intervenção tava em inglês, você mandou essa intervenção quando? Ele falou: "Mandei um mês antes da reunião da Plataforma."

Então se ele mandou um mês antes, era mentira que ele não sabia que naquele espaço seria o espaço da Plataforma Anti-imperialista Mundial," passou mal, e quando deu para si, "Eita é o espaço da plataforma." Isso não desceu na relatoria camaradas. Isso não desceu na relatoria. Então a militância do PCB do Brasil inteiro não sabe dessa desculpa. Tá sabendo agora porque eu tô falando. E aí, eu desafio qualquer membro do CC a dizer se isso é verdade ou não. Eduardo Serra falou ou não falou isso? Essa foi ou não foi a desculpa dele, gente?

Assim como na relatoria, que tem uma mentira para a militância do Brasil inteiro, que na relatoria desceu assim: investigar outras expressões de "fracionismo," sendo que foi aprovado, inclusive foi proposta do Mauro Iasi, que foi o líder dessa perseguição junto com a Sofia Manzano, a proposta do Mauro Iasi aprovada foi "investigar o fracionismo em torno do ex-secretário-geral do partido, Ivan Pinheiro."

O discurso deles, camaradas, é que Ivan Pinheiro, sim, Ivan Pinheiro, líder da Reconstrução Revolucionária do PCB, é um "fracionista", "liquidacionista", que quer "acabar com o PCB." Aí tiraram, mudaram isso da relatoria para a militância não saber. Mas, dentre os vários camaradas do Brasil que estão para ser expulsos, um deles é o camarada Ivan Pinheiro, sabe? Tipo, esse é o nível, esse é o nível do que tá acontecendo. E aí camaradas, veja, isso é uma expressão de contradições irreconciliáveis que acontecem no partido e que querem impedir o debate. E eu vou dar alguns exemplos para vocês.

Por exemplo, durante todo o período que eu estive na direção nacional do PCB, eu e vários camaradas, fizemos o debate sobre como a agitação e propaganda do partido não é profissionalizada, sobre como a gente é muito amador, sobre como a gente precisa melhorar muito nisso, como o jornal do partido não funciona como deve, sobre como o trabalho de propaganda do partido fica na mão dos acadêmicos, não é profissionalizado, e não passa por um controle centralizado como deveria ser um partido marxista-leninista.

Sabe o ICP, o Instituto Caio Prado Júnior? Pois bem. Chegou um e-mail na lista do CC do Milton Pinheiro, dizendo que escolheram a nova diretoria e presidência do ICP. E aí, eu tinha me colocado para fazer parte do ICP e tinha falado da necessidade de abrir o ICP para militância do PCB do Brasil todo, para todo mundo que produz, para todo mundo que debate, para todo mundo que escreve, para ser um aparato realmente de agitação e propaganda do partido. Inclusive para garantir que os camaradas do Norte do Brasil, que os camaradas do Nordeste do Brasil, que não aparecem em nada no ICP, tenham um espaço no Instituto.

Sabe o que foi que aconteceu, camaradas? Foi feita uma reunião de acadêmicos, Mauro Iasi, Milton Pinheiro, Sofia Manzano e companhia limitada, e eles decidiram quem seria a diretoria e a presidência do ICP, e depois só informaram na lista do CC. Aí eu questionei nas instâncias corretas, camaradas. Eu questionei, eu falei: Camaradas, veja, a nossa resolução congressual do XVI Congresso do PCB não diz que o ICP é um aparelho com autonomia total frente ao CC. Onde foi que isso foi decidido? Tipo a CPN, no mínimo, foi informada, porque eu como membro pleno do CC da direção nacional do Partido, não sabia disso. E aí foi informado pelo próprio Milton Pinheiro, que isso não passou nem pela CPN e nem pelo CC, que sempre foi assim e que, "é parte da nossa cultura política."

É parte da nossa cultura política? Camaradas, vocês que são militantes do PCB, abram as resoluções do XVI Congresso e vejam se é permitido o ICP funcionar assim nas resoluções. Isso vai contra nossas resoluções, camaradas. E aí eu fiz o debate interno, o Milton Pinheiro respondeu "sempre foi assim, é parte da nossa cultura política," e ali morreu debate.

Quantas vezes a gente não falou tipo camaradas, a nossa agitação e propaganda ainda é muito ruim, a gente precisa profissionalizar o nosso trabalho. A gente precisa fazer com que agitação e propaganda do partido garanta efetividade, a gente tem vários iniciativas boas sendo tocadas por militantes do PCB, só que não tem centralização, não tem coordenação.

Tem o meu canal, tem o canal do Gaiofato, tem o Lavra Palavra, tem o Revolushow, tem canais menores, tem editoras como a Ruptura, tem o Classe Esquerda, a gente precisa seguir na prática os ensinamentos de Lênin. Pegar todos esses aparelhos, unificar num só, e ter uma agitação e propaganda coordenada, planejada, e unificada, e fazer com que os militantes que produzam dentro do partido tenha um espaço para produzir. Fazer com que nossa, agitação e propaganda seja planificada. Isso nunca foi colocado para frente, camaradas. Há um boicote sistemático ao trabalho, e eu posso dar vários outros exemplos.

O jornal do Partido, por exemplo, o jornal do PCB, não funciona bem como deveria funcionar. A gente fez a crítica interna, eu e outros camarades do CC, várias vezes. Aí a juventude de São Paulo, a UJC de São Paulo, foi criar o jornal O Futuro, um jornal bom para caralho. O jornal que estava indo muito bem, o jornal estava funcionando, estava indo massa. E a UJC pensava, inclusive, em criar o seu jornal nacional. Sabe o que aconteceu? O Partido decidiu que ia incorporar a redação do jornal O Futuro para o jornal O Poder Popular. E que a UJC não poderia ter o jornal nacional. No final, camaradas, o jornal do Partido continuou com os mesmos problemas, não avançou, e a juventude ficou sem um jornal. E o trabalho muito foda do jornal, O Futuro foi simplesmente perdido. Em nome de quê, camaradas?

E aí veja a gente fez o debate interno, só que existe um problema que é: há um impedimento estrutural das coisas avançarem. A discordância central sabe qual é, camaradas? Tem várias pessoas que querem um partido de massas, um partido proletário, um partido que tem espaço para a maioria da classe trabalhadora que é negra, que é feminina, um partido que faça o trabalho de massas, que tenha trabalho comunitário, que consiga tocar ocupação, que tenha trabalho massa em cultura, que consiga fazer finanças, que consiga fazer agitação e propaganda eficiente, que tenha formação política. A gente precisa de um partido que realmente se enraíze no proletariado e tem uma ala do partido, formada majoritariamente pelos acadêmicos, mas não só, que travam tudo, camaradas. Travam tudo.

O Partido não consegue ter um programa nacional de formação. A juventude da UJC tem isso há muito tempo, sabe? O Partido não consegue ter um jornal que funcione, se tivessem deixado a juventude, já teria. O Partido não consegue fazer finanças. O PCB vive pedindo dinheiro emprestado para a UJC, sabe? Porra gente, de verdade. A gente não consegue recrutar todo mundo, a gente não consegue chegar nos setores estratégicos da classe trabalhadora. Eu sou alguém negro, que veio da favela, que é filho de empregado doméstica e pedreiro, quantos dirigentes do PCB vocês conhecem com esse perfil sociológico?

Durante o primeiro semestre desse ano, eu acho que vocês viram que eu passei muito tempo falando contra o novo teto de gastos, né? Qual foi a mobilização que vocês viram nas redes do PCB gente? E a gente pautando em debate, e não consegue não consegue botar nada para frente. Então existe um boicote objetivo ao crescimento do partido, ao enraizamento do partido, à atuação dos coletivos partidários.

Camaradas, veja, isso na UJC é mais visível, mas não só. Os coletivos partidários tem um acúmulo muito bom, por exemplo, sobre a luta contra as opressões. Então massa, o coletivo partidário, por exemplo, o Minervino de Oliveira tem um acúmulo foda sobre guerras às drogas, sobre segurança pública, sobre encarceramento, sobre todos esses temas, perfeito.

Aí chega na eleição, camaradas, e nada do acúmulo que circula nos coletivos passa na fala dos candidatos. O Eduardo Serra, candidato a Governo do Estado do Rio de Janeiro, falava que o PCB ia ser "duro com o crime organizado," que o PCB ia ter "tolerância zero com o crime," não falou em nenhum momento de desencarceramento em massa, não falou em nenhum momento do debate sobre segurança pública que é produzido pelos coletivos partidários. O acúmulo do coletivo de partidários não sobe pro partido. Todo mundo que sai da UJC e precisa entrar no partido sente, por exemplo, que ele fica sem militância, pô, fica sem militância que a coisa não anda, sabe?

E aí pô, o Ana Montenegro tem um acúmulo do caralho do debate sobre feminismo classista. Tá conseguindo aos trancos e barrancos, ter atuações muito importantes, aí você tem por exemplo, dirigentes do partido que quando aconteceu o caso Boaventura de Souza Santos vão a público defender o Boaventura dos casos de assédio e dizer que tudo é "pós-moderno." E não acontece nada. E você pensa que os debates internos não são feitos? São feitos, camaradas. As críticas são feitas. Aí eu cansei de ver isso, por exemplo.

Durante os atos do Fora Bolsonaro em 2021, era a galera dos coletivos que organizava o bloco do PCB. Quem desenrolava a bateria, quem desenrolava desenrolava o comando dos atos, quem organizava o nosso bloco, quem garantia panfleto, era a galera dos coletivos partidários, principalmente a galera da UJC. Aí do nada, o partido chega lá e reclama que a UJC quer comandar os atos,. Porra aqui em Pernambuco, por exemplo, eu fiz esse debate várias vezes no CR de Pernambuco, eu falei camaradas, veja chega na hora do ato, basicamente a Coordenação Estadual da UJC que comanda o ato junto com três ou quatro membros do CR, aí depois vocês querem aleijar a UJC dos processos decisórios, sabe? Vocês querem ignorar que a juventude que está tocando os atos, que a juventude que está organizando o nosso bloco? Tipo, porra, galera! Não dá! Em todos esses debates aí, tem coisas que simplesmente não andam, gente. Sabe? Tipo, tem tantas coisas antigas, antigas, assim, que a gente está batendo, batendo, batendo, batendo... E a coisa simplesmente não anda. Não anda no recrutamento, não anda na formação. Não anda na inserção de massas.

Inclusive quem tiver no interior, nas cidades menores, já percebeu que, por exemplo, quando você tá numa cidade mais afastada acaba sendo até melhor para você fazer trabalho de massas, porque você acaba ficando um pouco mais longe da direção estadual e você consegue tocar o trabalho, sabe? Tipo, por exemplo, trabalho de ocupação. Não é coincidência gente que a maioria dos trabalhos de ocupação de luta por moradia do PCB sejam em cidades mais afastadas, porque aí a galera acaba ficando meio que abandonada e aí por ficar abandonada eles conseguem fazer um trabalho melhor. Então, por exemplo só tem trabalho de ocupação em Piracicaba porque como é uma cidade mais afastada, dá para fazer o negócio sem atravancar o trabalho, sem intervenções desmedidas, sem destruir o trabalho. Isso acontece em São Paulo, isso acontece em Santa Catarina, isso acontece no Rio Grande do Sul, isso acontece em vários Estados. A coisa é tão ruim, é tão mal feita, que você consegue fazer trabalho de moradia, você consegue fazer trabalho comunitário, quanto mais afastado você tá das capitais. Aqui em Pernambuco, por exemplo, desde que eu entrei no PCB, a gente debate, interiorização do partido, interiorização do partido... O negócio só andou quando a camarada Luísa conseguiu estabelecer uma célula em Bezerros e aí conseguiu finalmente interiorizar o partido. E a galera de Caruaru, que estava meio abandonada com a célula de Bezerros e Luísa é da direção estadual, conseguiu fazer com que as coisas andassem no agreste. Mas, por exemplo, a célula de Bezerros passou meses e meses sem assistência. A gente que conseguiu fazer um trabalho de financiamento da célula de Bezerros por fora da direção estadual, porque senão a coisa não andava, porque senão hoje a gente não tinha a célula de Bezerros.

Tem vários problemas. O pessoal da OPA no Ceará, por exemplo, demora muito para conseguir apoio, fica lá abandonado, não tem não tem mera circulação de informações nas estruturas partidárias, e a gente cobra isso há muito tempo. Tipo assim, se tem um trabalho de moradia massa no Ceará, por que isso não é replicado para o Brasil inteiro? Se tem um trabalho massa de luta por moradia em Santa Catarina, por que a militância do Brasil não consegue entender como esse trabalho está sendo feito, acumular experiências? Não consegue acumular, socializar as informações dentro do partido? Por que o PCB é tão desigual? Tipo assim, alguns estados a gente consegue chegar e fazer um trabalho comunitário, em outros simplesmente não consegue. Ninguém sabe. Por exemplo o pessoal do Rio de Janeiro, tem um debate muito foda e um acúmulo do caralho sobre cultura, só que aí se você não é do Rio de Janeiro, e se você não é da célula de cultura, você simplesmente não sabe o que tá acontecendo. A galera de Florianópolis, está tocando um trabalho massa de luta por moradia do caralho, mas se você não é de Floripa, você não sabe o que tá acontecendo. Aí não chega jornal, não chega assistência, não chega apoio financeiro, não chega nada.

Então, tipo, há um processo, gente, há um processo de divergências profundas. Há alguns camaradas que tiveram um papel importante, e aqui ninguém está negando seu papel, mas tiveram um papel importante para manter o partido. Só que aí se conformaram com o papel de o PCB existir, e boicotam o crescimento do partido, boicotam a proletarização do partido, para não perder o controle da máquina partidária. Então, na nota que a CPN soltou, essa nota fala que é uma disputa pelo aparelho do partido. Não pô, não é disputa pelo aparelho do partido não. A gente quer que o PCB cresça, pô. A gente quer que o PCB cresça, que o PCB se torne cada vez mais um partido da classe trabalhadora, um partido proletário, um partido que consiga, por exemplo, incorporar as mais de dois milhões de enfermeiras, auxiliares de enfermagem, técnicas de enfermagem pelo Brasil, que estão lutando pelo piso. Eu acho que vocês acompanharam, por exemplo o quanto no começo do ano eu fiz uma luta desesperada para falar mais prioridade ao piso da enfermagem. A gente precisa falar mais da luta da enfermagem, precisa apoiar a galera, são mais de dois milhões de trabalhadoras e trabalhadores, a maioria mulheres, mulheres que tem muito respeito comunitário. E aí, se a gente consegue se aproximar da categoria da enfermagem, se você consegue ser a organização política que mais defende o piso da enfermagem, isso abre um espaço gigantesco para trabalho comunitário, para trabalho territorial, porque todo mundo que é de favela sabe que a enfermeira é uma das profissões que tem mais prestígio social. Tipo, toda a rua que tem uma enfermeira, é a mulher que vai lá, o menino que tá doente, etc.

Tipo, fiquei tentando, tentando, tentando... fazendo o debate interno, e nada anda, sabe? Tipo, a galera que é das células de saúde do partido, a galera que conseguiu, dentro dos coletivos, fazer esse debate, mas o debate não chega, o debate não vira linha política nacional. Então veja gente, eu não quero sair do PCB não, eu não quero ser expulso do PCB não, eu tô lutando por essa organização junto com vários outros camaradas há muitos anos, sabe? A gente quer seguir na Reconstrução Revolucionária do PCB. A gente quer um partido marxista-leninista, um partido enraizado nas bases, um partido que toque ocupação, que tenha um movimento sindical forte, um partido negro, partido feminino, um partido que esteja no dia a dia da classe trabalhadora, que consiga criar espaços de apoio para LGBTs expulsas de casa, para mulheres vítimas de violência, para pessoas em situação de rua. Um partido que a cara desse partido não seja a cara de um acadêmico, sabe? Que a cara desse partido seja a cara do nosso povo trabalhador, um partido que seja realmente leninista, que seja realmente profissionalizado, que faça finanças de maneira profissional, que consiga garantir a sobrevivência dos seus quadros.

Tem vários camaradas que inclusive tão em trabalho de ocupação, tão em trabalho de luta por moradia, tão em trabalho comunitário, perderam o seu emprego, ficaram sem condições financeiras, e o partido não chegou junto. O partido não fez nada. Os camaradas tiveram que falar com amigos para conseguir fazer vaquinha, fazer Pix para conseguir comer pô, porque o cara tá fazendo um trabalho de ocupação pelo partido, a moça tá fazendo um trabalho comunitário pelo partido, é ameaçada, tem que se esconder por um tempo, e o Partido não faz nada, pô. O Partido não faz nada. Sabe, não dá gente. Sim, existem diferenças irreconciliáveis, existem diferenças de tática, de estratégia, de forma organizativa, de centralismo democrático, de leninismo.

E aí veja. Essas diferenças davam até agora para ser tratadas internamente. A gente estava fazendo o debate interno, mas aí eu pergunto a vocês, gente, como é que a gente vai tratar de maneira interna as divergências quando vários camaradas estão sendo expulsos? Quando vários camaradas estão sofrendo assédio moral? Quando vários camaradas estão sendo tirados das suas funções? Quando vários camaradas recebem carteirada do tipo, ah, "é a cultura política?" Não é a cultura política, não, meu amigo. O partido é o estatuto. O partido é as resoluções. O partido é os debates coletivos. Que "cultura política" é essa, pô? Que ninguém sabe qual é, que é usado como carteirada, sabe?

Eu e mais um bocado de gente que foi expulsa tá sendo perseguida, não vai desistir dos princípios da Reconstrução Revolucionária do PCB, não. A gente não vai desistir disso. Não vai desistir disso. A nota da CPN fala que tem "fracionismo" dentro do partido e tá marcado uma reunião para outubro do CC, e nessa reunião de outubro, tem mais uns 30 militantes para serem expulsos. Inclusive, querem expulsar o camarada Ivan Pinheiro, sabe? De verdade, vocês acham que é normal? Isso sabe tipo um bocado de militante que vocês conhecem muitas coisas que vocês dividiram as fileiras aí de verdade. Acho que o exemplo do Ivan é mais gritante, mas de verdade, alguém acredita que o Ivan Pinheiro é um "fracionista" que quer liquidar o PCB? Sério mesmo.

Não é possível isso. Quando eu soltei o comunicado domingo, vários militantes camaradas vieram falar comigo dizendo que estão com a carta de saída pronta, que vão sair do partido e tal, a maioria, camaradas, mulheres e pessoas negras, sabe? Tipo, não vou falar nomes porque as pessoas não me autorizaram, mas tem, por exemplo, um núcleo do partido na Bahia que, porra, tá todo mundo indignado, querendo sair e acusando direção do PCB lá de perseguição, de assédio moral, de racismo, falando como o centralismo democrático é descumprido, como o Giovani Damico, que é um dos dirigentes, que é dirigente nacional e é dirigente da Bahia, é um dos caras que mais pratica assédio moral contra militante, que mais persegue, que mais viola o centralismo democrático. Tipo, sabe, gente? É difícil.

A direção do PCB, a partir da nota da CPN, chega dizendo que é "fracionismo" e tal, mas na verdade foi vocês que forçaram esse debate para a via pública, sabe? Eu não queria vir a público não, gente. Eu não queria soltar os documentos que eu soltei não, sabe? Fui forçado a isso. Fui forçado a isso por causa de uma perseguição, eu fui forçado a isso inclusive para dar voz a outros camaradas que são menos conhecidos, camaradas que tem menos repercussão, que estão sofrendo o mesmo que eu ou pior, sabe? Tem casos de expulsão sem direito, por exemplo, até uma reunião para abertura do processo disciplinar. Tipo assim, uma maioria se reuniu e decidiu expulsar o camarada depois ele só é informado da expulsão. Vocês provavelmente vão saber hoje do caso da expulsão do Gustavo Gaiofato, o Gustavo Gaiofato do História Cabeluda. Ele foi "desrecrutado" do PCB. Isso nem existe, "desrecrutamento," tipo assim, o cara é militante, não existe "desrecrutamento." Criaram um tal de "desrecrutamento" que não existe para expulsar o cara do partido sem nenhum processo disciplinar. Sabe? Tá ligado?

Tem gente que dá vida pelo comunismo no Brasil, gente que dá vida pelo PCB, gente que dá vida pela Reconstrução Revolucionária, gente que dá a vida pra fazer esse partido grande, esse partido de massas, aí é "desrecrutado," aí é "fracionista," aí não sei o quê. E falaram, barbaridades do camarada Ivan Pinheiro na última reunião do CC. Falaram barbaridades do cara, mentiram sobre ele, mentiram sobre vários militantes das antigas, estão fazendo uma caça às bruxas dentro do partido, estão fazendo uma caça às bruxas nos coletivos partidários.

Saiu uma nota da CPN proibindo os coletivos partidários de debater os assuntos do partido, mas pera aí, pô. Coletivo partidário, complexo partidário, agora não é partido, não? Aí quer dizer que a galera da UJC, da Unidade Classista, do Ana Montenegro, do Minervino de Oliveira, do LGBT comunista, não pode debater o PCB? Aí na hora de fazer o bloco do Partido grande em ato, aí na hora de tocar tarefa pesada, aí na hora de fazer campanha eleitoral, aí na hora de arrumar as sedes do PCB, aí na hora de chegar em eleição sindical, aí na hora de levar o nome do partido, como a UJC levou agora no CONUNE, aí é partido. Mas na hora de debater os absurdos que estão acontecendo no PCB os coletivos partidários não podem debater não? Não é possível que se ache normal que na nota da CPN falava assim, "os coletivos partidários estão proibidos debater os assuntos do partido, se quiser debater o partido, entre no partido," mas espera aí, porra. Quer dizer que eu tô na União da Juventude Comunista que é a juventude do PCB, e eu não sou do PCB, não? Eu sou só do PCB na hora de carregar bandeira, sou do PCB na hora de fazer ato, é? Só sou do PCB na hora que a direção nacional do Partido por amadorismo nas finanças, que a gente já criticou várias vezes, não consegue fazer dinheiro? Na hora que vai pedir empréstimo pra o caixa da UJC Nacional é partido, mas na hora de debater as questões do PCB, não é partido não? É isso mesmo, gente?

Tipo, não dá, porra. Tá errado, gente. E aí, veja, isso que tá errado, a maioria da militância sabe, a maioria da militância tem consciência, sabe? A maioria da militância tem consciência. A maioria da militância vem há muito tempo lutando pra mudar isso. Só que a maioria do Comitê Central não deixa, gente. O debate não chega, o debate trava. O debate trava, o debate é boicotado. As iniciativas não são tocadas. Como é que a galera consegue tratar a militância e os coletivos partidários assim, porra? Como é, tipo assim, a gente acabou de voltar do CONUNE, tarefa do caralho, eu vi as condições que a juventude dormiu no CONUNE. Eu tava lá. Meu irmão, era para ter um espaço para 600 pessoas, a UJS botou a gente num espaço para 200, a galera com barraca por cima de barraca, gente dividindo três quatro pessoas em barraca, dormindo mal, sabe, por culpa da UJS. Dormindo mal, galera se fodendo, cansaço físico, dando sangue para conseguir levantar a bandeira do partido, dando sangue para conseguir fazer um trabalho massa no CONUNE, e fez, aí essa juventude que voltou do CONUNE, depois recebe um comunicado dizendo assim, "Ó, vocês não podem debater, porque vocês não são do partido." Não são do partido, não gente?

Sabe não são do partido não aí a galera da Juventude enquanto tava lá gritando, "não é mole não, é impossível acabar com o Partidão", "de norte a sul, e no país inteiro, viva o Partido Comunista Brasileiro," essa galera não é do partido não, gente? Que porra é essa. Aí tem um processo de assédio agora, que tá rolando, que o pessoal da maioria da direção nacional reformista tá ligando para os secretários estaduais da UJC, tá ligando para a base, tá enquadrando as células, tá proibindo de debater. Vamo lá gente, vocês acham que estão certo? Vocês acham que estão fazendo o correto? Abra a Tribuna de Debates. Vamos fazer o debate aberto, franco, com toda a militância? Vamos parar as perseguições? Vamos debater com a militância de todo o Brasil? Vamos ver o que elas acham? Vamos ver se elas concordam? Bora lá, vamos fazer um debate? Vamos fazer um debate aberto? Vamos fazer um debate franco? Apresenta para a militância, por exemplo, de verdade gente, a maioria do CC acha que está certa? Perfeito, então apresente para a militância, por exemplo, por que eu ia ser submetido a um processo disciplinar por criticar o CC no CR. Pode não? Onde é que nas resoluções do partido não pode? Onde é que no estatuto do partido não pode? Vamos abrir para a maioria da militância pra ver o que a militância acha? Vamos abrir para a maioria da militância, gente, o que a maioria da CPR de São Paulo fez com essa aprovação desse "desrecrutamento" do Gaiofato? Isso nem existe no estatuto do PCB, gente. Não existe isso nas resoluções do PCB, "desrecrutamento." Se o cara tá dentro, o cara é militante, porra, não existe isso. Tipo assim. Ah, vamos desrecrutar o cara, aí a gente não precisa passar por processo disciplinar.

Abram as Tribunas de Debates! Para ver se a militância tá satisfeita com o trabalho de recrutamento, se está satisfeita com o trabalho de agitação e propaganda, para ver se a militância está satisfeita sobre como o acúmulo dos coletivos, que não é aproveitado pelo partido? Se está satisfeita com a circulação de informações no complexo partidário? Se está satisfeita com a política de finanças do Partido? Sabe? Vamos lá, gente. Abram as Tribunas de Debates. Parem as perseguições, parem as expulsões ilegais, vamos nessa. Vamos abrir um debate. Vamos lembrar que a maioria desse Comitê Central, gente, proibiu as Tribunas de Debates no Congresso de 2021, coisa que nem a direção de PCB na época ditadura fez, porra.

Vamos nessa. Abram as Tribunas de Debate e diga pra militância, pra ver se a militância acredita que o Eduardo Serra foi pra reunião do Partido Democrático da Coreia, passou mal, teve uma queda de pressão baixa e aí quando ele se deu pra si, tava no espaço da "Plataforma Anti-imperialista Mundial" e ele não sabia. Sabe? Tipo, vamos nessa. Imagina, bota isso pra debate e vamos ver se a militância acredita nisso. Vamos ver se a militância acredita nisso. Vamos ver se a militância quer que a gente participe desse tal de "Plataforma Anti-imperialista Mundial," que é um espaço pra esvaziar o EIPCO, o Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários? Vamos ver se a militância concorda da gente participar de um espaço que vive de atacar o KKE, que vive de atacar o partido comunista mais forte da Europa ocidental? É preciso camaradas que se abra o debate para militância, é preciso que a militância seja chamada para debater, é preciso que a militância do partido, dos complexos partidários seja respeitada, seja tratada como revolucionários que vão se preparar para tomar o poder no Brasil.

Nesse sentido para mim é muito claro o seguinte. O PCB precisa de um Congresso Extraordinário. Perceber precisa do XVII Congresso Extraordinário. A gente precisa que toda militância tenha ciência do que está acontecendo no partido no Brasil, a gente precisa que a militância consiga debater, a gente precisa que as perseguições parem, a gente precisa que os camaradas que estão se afastando porque estão sendo perseguidos, porque estão sofrendo assédio moral, tenha oportunidade de debater. A gente precisa do XVII Congresso Extraordinário do PCB. Porque a gente chegou numa situação em que a maioria da CPN e uma boa parte do CC decidiu atuar como uma fração que está perseguindo quem discorda, e que quer impor a maioria na base do uso do aparato administrativo do partido, de expulsão, de processos disciplinares, de destituição. A gente precisa, camaradas, de um Congresso Extraordinário do PCB. Eu gostaria muito, muito, muito, por exemplo, que a militância tivesse a oportunidade de debater. Camaradas, a campanha ano passado tocada pelo Eduardo Serra no Rio de Janeiro, aquilo seguiu as resoluções do partido?

Aquilo é parte da política de segurança do Partido? A militância negra do PCB, os camaradas negros, se sentiram ou não incomodados com o discurso do Eduardo Serra, falando que "tem que reprimir o crime organizado mesmo, o PCB vai combater o crime organizado," não falou nada de desencarceramento, não falou em controlar a violência do Estado contra a população negra, não falou de pôr fim à guerra das drogas e descriminalização de todas as drogas, é isso camaradas? Eduardo Serra defendeu a polícia no campus quando era pró-reitor da UFRJ. A militância concorda com isso, ou não? O Mauro Iasi defendeu na outra reunião do CC que o Ivan Pinheiro seja responsável por uma suposta "tendência" no PCB pra expulsar o Ivan Pinheiro. A militância concorda com isso ou não? A militância concorda que Ivan Pinheiro é um "fracionista" e um "liquidacionista"? A militância concorda com dirigente nacional e secretário político do PCB em São Paulo, falando que queimar estátua do Borba Gato é uma "barbárie," que são "ignorantes," que queimar isso é como "queimar o Coliseu de Roma." Defendendo Boaventura de Sousa Santos, denúncia de assédio é pós-modernismo? A militância concorda com isso, camaradas A militância concorda com o nosso trabalho amador, com a falta de inserção nas periferias, com a falta de trabalho comunitário, com a falta de trabalho de ocupação, a militância concorda com uma falta de circulação dentro do complexo partidário, como o trabalho que uma célula de cultura realiza não se socializa, o trabalho que uma galera que toca ocupação não é socializado, as coisas não circulam no complexo partidário, não tem orientação, não tem apoio, não tem política de segurança, não tem política de assistência, a militância concorda com isso, camaradas?

A militância concorda com o fato de que a gente tem dois milhões e 400 mil enfermeiras, enfermeiras pelo Brasil inteiro, a maioria mulheres que estão tocando uma luta do caralho em defesa do piso, base fundamental de organização de um feminismo classista, popular, um feminismo enraizado na classe trabalhadora, e o partido não faz nada para tirar uma linha de prioridade de atuar junto as enfermeiras, as auxiliares de enfermagem, as técnicas de enfermagem, para recrutar essas bases para trazer pro partido, para trazer pro Ana Montenegro, para trazer pra Unidade Classista, pra gente ter realmente um sindicalismo e um feminismo classista cada vez mais forte, e a militância concorda com isso, camaradas? Claro que não.

A gente precisa debater isso. A gente precisa recuperar e aprofundar a Reconstrução Revolucionária do PCB, camaradas. E aí tem várias pessoas, e é com todo respeito, viu, gente, isso é desrespeitoso tá me chamando para ir para UP, pra ir pra PT, eu não vou para canto nenhum, não gente. Eu tô aqui lutando para que esse partido seja um partido revolucionário, para que a Reconstrução Revolucionária continue, sabe, pra parar essa prática de quebrar militantes. E assédio psicológico. Minas Gerais, o Túlio Lopes vive de fazer isso, de quebrar militantes sabe? Na Bahia, isso é constante, isso é constante. No Rio de Janeiro acontece também, sabe?

Tipo, quando eu divulguei o material no domingo, eu recebi várias mensagens de camarades da Bahia que não aguentam mais, sabe? Camaradas que saíram do Minervino, que saíram da UJC, que saíram do complexo partidário, por assédio psicológico, por prática de quebrar militantes. Ela não me deu autorização pra falar o nome dela, mas eu vou dizer, na última vez que eu encontrei a camarada da Bahia, Ana Karen, eu falei pra ela que eu falei assim, "bicho, eu não sei como você aguenta, você é muito resistente," sabe? Porque eu não aguentaria o que é feito na Bahia. A gente precisa deixar normalizar a gente tá perdendo um bocado de militante, gente. A gente tá a gente normalizar essa prática de dirigente tá ligando para militante para assediar e não passa pelas instâncias, e dirigentes estimulando fofoca, estimulando boataria, colocando militante um contra o outro, fazendo baixaria, sabe? Isso tem que parar, gente. A gente tem que parar isso.

A gente precisa decidir se o Brasil. O país mais importante da América Latina vai ter um partido comunista forte ou não? Veja, isso não fala só dos brasileiros, isso fala gente da América Latina, a gente não pode deixar com que o nosso país não tenha um partido comunista, um movimento comunista forte, porque isso vai prejudicar todos os nossos irmãos e irmãs da América Latina. Isso vai prejudicar a classe trabalhadora na Argentina, no Uruguai, no Chile, na Venezuela, no Equador, na Bolívia, no Peru, sabe? Em todo canto, sabe? Isso não pode acontecer.

O Brasil precisa de um partido comunista forte organizado, marxista-leninista, crescendo, se enraizando na classe trabalhadora, com cada vez mais entrada nas periferias, um partido negro, um partido periférico, um partido que tenha espaço para a maioria da classe trabalhadora, que é negra e feminina. O maior grupo demográfico desse país são de mulheres negras. Isso não se reflete na composção do nosso partido. E aí tem um bocado de coisa que todo mundo sabe. Todo mundo sabe quem são os dirigentes que ficam no Facebook curtindo fotos de menina, de biquíni, não sei o quê, e fazendo um bocado de merda, e não acontece nada. Por isso, camaradas, caminhando para a conclusão, vejam.

Pra gente ter um partido de quadros enraizada na massa trabalhadora, pra a gente ter um partido realmente marxista-leninista, que consiga dirigir a luta de classe no Brasil, que consiga pautar a luta revolucionária, que consiga seguir e aprofundar a Reconstrução Revolucionária, a gente precisa de um Congresso Extraordinário. A gente precisa do XVII Congresso Extraordinário do PCB. A gente precisa que isso seja pautado, que seja tema de debate, a gente precisa debater com responsabilidade e com muita honestidade e respeito à nossa militância.

Nossa militância, não pode ser tratada como massa de manobra, nossa militância não pode ser tratada só como mão de obra. A gente não pode lembrar só da militância no momento que precisa dela para um ato, no momento que precisa dela pra uma panfletagem, no momento que precisa dela para tocar tarefa pesada, no momento que precisa dela para tocar uma tarefa de finanças, essa militântcia tem que ser respeitada. A gente precisa do XVII Congresso Extraordinário do PCB, com a participação de toda militância do complexo partidário. Militantes da UJC, da Unidade Classista, do LGBT Comunista, do Minervino de Oliveira, de todo o complexo partidário.

Toda militância tem que ter o direito e dever de debater os rumos do partido e a gente tem que deixar claro que tipo de partido a gente quer ser. A gente quer deixar claro que a gente não quer acabar com a reconstrução revolucionária do PCB. A gente quer deixar claro que a gente quer continuar e aprofundar a Reconstrução Revolucionária. Que o horizonte da Reconstrução Revolucionária do PCB é um horizonte que a gente não pode se afastar nunca. A Reconstrução Revolucionária é o horizonte dos comunistas brasileiros. E todos os comunistas brasileiros devem ter o direito, os comunistas organizados no complexo partidário do PCB, devem ter o direito de fazer esse debate. Chega de proibir a militância que constrói esse partido dia a dia de debater. Chega de Tribunas de Debates fechados. Chega de informações que não circulam. Chega, gente, da militância mandar cartas, fazendo crítica, fazendo cobrança para os CR e para o CC e nunca vem uma resposta.

A gente deixar claro que a gente não quer acabar com a reconstrução revolucionária do PCB. A gente deixar claro que a gente quer continuar e aprofundar a reconstrução revolucionária. Que o horizonte da reconstrução revolucionária do PCB é um horizonte que a gente não pode se afastar nunca. A reconstrução revolucionária é o horizonte dos comunistas brasileiros. E todos os comunistas brasileiros devem ter o direito, os comunistas organizados no complexo partidário do PCB, devem ter o direito de fazer esse debate. Chega de proibir a militância que constrói esse partido dia a dia de debater. Chega de Tribuna de Debates fechados. Chega de informações que não circulam. Chega, gente, da militância mandar cartas, fazendo crítica, fazendo cobrança para os CR e para o CC e nunca vem uma resposta.

A galera só aparece na hora de enquadrar. Só aparece na hora de dizer "não pode," só aparece na hora de dizer que isso está errado, só na hora de dizer que "isso não é parte da cultura política do partido," que é uma "cultura política" que é sempre tirado do bolso e ninguém sabe onde é que tá o manual da "cultura política" do partido.

Chega, gente. Acabou. Acho que é o momento da gente dar um salto de qualidade no partido comunista. Garantindo um Congresso Extraordinário para TODO complexo partidário. Para toda militância dos coletivos partidários do partido. Um congresso realmente democrático, um congresso aberto, um congresso sem restrição, um congresso sem proibir que militantes tenha acesso às Tribunas de Debate, um Congresso que realmente represente a verdadeira maioria e o verdadeiro consenso no âmbito do PCB.

Eu espero de verdade que a maioria da CPN tenha um mínimo de preocupação com o movimento comunista, com a classe trabalhadora e com a história desse partido e não queira vencer na base da canetada, porque aquela nota da CPN foi uma nota ridícula. Foi uma nota ridícula. Isso é uma nota desrespeitosa com a militância. Uma nota desrespeitosa com quem constrói o PCB. Uma nota, inclusive, que já adianta o que eles vão fazer em outubro. Em outubro tem reunião do CC, a ideia é dizer que vai estar todo mundo expulso, porque todo mundo é "fracionista." Não, vamos fazer esse debate aberto com toda a militância? Vamos para um congresso? Chegue num congresso do PCB e diga que Ivan Pinheiro é "liquidacionista." Faça isso. Sabe? Faça isso. Chegue num congresso do PCB e diga que não é o estatuto que vale, não é as resoluções que valem, é a "cultura política." Fale isso abertamente num congresso do partido, que eu quero ver o que a militância acha.

Expliquem para a militância por que o PCB não tocou nenhuma luta fundamental em defesa do piso da enfermagem, ou contra o novo teto de gastos. Demorou muito para se incorporar as mobilizações. Expliquem pra militância. Expliquem pra militância por que a gente não consegue ter uma comunicação interna que funciona, por que a gente não consegue ter assistentes que funciona, por que a gente não consegue ter uma democracia interna que funciona, etc.

No XVI Congresso do PCB, foi aprovado uma Tribuna de Debates interna e foi aprovada uma cotização progressiva. Quem ganha mais paga mais. Expliquem para a militância do PCB e de todo o complexo partidário por que a cotização progressiva até hoje não tá valendo. Expliquem, qual é a dificuldade? O que foi que aconteceu? Expliquem pra militância do PCB e de todo complexo partidário por que a Tribuna de Debates interna até hoje não funciona? Expliquem, por favor. Eu quero muito fazer esse debate com toda militância. Todo mundo quer. Por quê? Por que até hoje essas coisas não sairam do Papel, sabe? Por quê?

Aí eu quero ver, porque tem um acadêmico, que é secretário político do PCB em São Paulo, que ele fala que não pode pagar cotização progressiva porque os filhos dele estão na Europa e ele gasta muito dinheiro com os filhos. Eu quero ver falar isso para toda a militância. A militância que se fode, que fica sem comer, que tira o dinheiro que não tem para pagar passagens de ônibus, para ir para a tarefa. Eu quero ver a militância ouvir o dirigente falando que não pode pagar cotização progressiva porque os filhos estão na Europa. Sabe? Eu quero ver. Eu quero ver isso ser dito para toda a militância, sabe? De verdade mesmo, gente.

A gente precisa debater isso precisa debater isso. Mas eu deixo esse chamado para toda a militância do perceber dos complexos partidários, a gente precisa do XVII Congresso Extraordinário do PCB. É inadiável. É inadiável. E quem defende a unidade dos comunistas, defende o XVII Congresso Extraordinário do PCB. Sem isso, falar de unidade é uma piada de mau gosto.

Quero dizer, gente, para concluir de verdade, eu tenho muitos erros, eu tenho muitas falhas, eu não acho que eu sou perfeito, eu não acho que eu sou o "baluarte da moral," eu não acho que eu sou militante exemplar. Mas uma coisa eu digo para vocês. A gente tá lutando para manter esse partido no rumo da construção revolucionária e pra ser um partido realmente proletário, que dê a direção da Revolução Brasileira. No meio dessa luta a gente comete erros, a gente comete falhas, a gente tem problemas, mas acreditem que é uma luta de coração, sabe? É uma luta justa e necessária. Viva a Reconstrução Revolucionária do PCB. Viva o marxismo-leninismo. Viva a Revolução Brasileira. E rumo ao XVII Congresso Extraordinário do PCB.