Biblioteca:1964: a conquista do Estado: mudanças entre as edições
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Até 1930, o Estado brasileiro foi liderado por uma oligarquia<ref>O termo oligarquia, da forma em que é usado nesta análise, engloba capitalistas com interesses comerciais exportadores, latifundiários e elementos da burguesia agrária. designando o círculo restrito das classes dominantes da República Velha e que ainda eram economicamente poderosos durante a Segunda República. | |||
Sobre o conceito de oligarquia e a questão da legitimação oligárquica. vide Alain ROUQUIE. ''Oligarquia o burguesia: el problema de los grupos dominantes en América Latina.'' Bielefeld. mar 1978. Mimeo-grafado.</ref> agro-comercial, na qual predominavam as elites rurais do nordeste, os plantadores de café de São Paulo e os interesses comerciais exportadores?<ref>Para uma análise do período, vide | |||
(a) Fernando H. CARDOSO & Enzo FALETTO – ''Dependência e desenvolvimento na América Latina'' Rio de Janeiro. Zahar. 1970. | |||
(b) Luciano MARTINS. ''Pouvoir et développèment économique. Paris.'' Ed. An-Ihropos. 1976. Cap. |.</ref> | |||
Essa oligarquia formou um bloco de poder<ref>Sobre o conceito ''de'' bloco de poder, vide Nicos POULANTZAS. ''Political power and social classes.'' London, NLB, 1975. p. 141. 229-45.</ref> de interesses agrários, agro-exportadores e interesses comerciais importadores dentro de um contexto neo-colonial, bloco este que foi marcado pelas deformidades de uma classe que era ao mesmo tempo “cliente-dominante”.<ref>Octavio IANNJ el alii. Processo político e desenvolvimento econômico In: ''Política e revolução social no Brasil.'' Rio de Janeiro, Civilização Brasileira. 1965, p. 16-17.</ref> Foi sob a tutela política e ideológica desse bloco de poder oligárquico e também sob a influência da supremacia comercial britânica nos últimos vinte e cinco anos do século XIX que se formou a burguesia industrial.<ref>Sobre a origem da indústria, vide Sérgio SILVA. ''Expansão ca ferira e origens da Indústria no Brasil.'' Rio de Janeiro. Ed. Alfa-Omcga. 1976.</ref> | |||
== Notas bibliográficas == | |||
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Edição das 03h32min de 9 de janeiro de 2024
Este livro é o resultado de uma pesquisa realizada entre 1976 e 1980 para uma tese de doutorado na Universidade de Glasgow, Inglaterra. Um periodo fundamental da história brasileira foi reconstituído em bases documentais. Os fatos e os personagens foram indicados a partir de registros concretos e não de hipóteses ou suposições. O objetivo central desse trabalho foi identificar as forças sociais que emergiram na sociedade brasileira com o processo de internacionalização, em sua etapa moderna, e acompanhar sua intervenção no Estado e na sociedade brasileira. Essa história passa pela mediação de atores concretos, de pessoas ou instituições, que respondem a valores, objetivos e estratégias das forças sociais que atuam no cenário político, em conjunturas determinadas. Aqui o que interessa não é tanto Identificar o ator, suas intenções e características pessoais, mas descobrir no processo histórico o papel e a função das forças sociais e de que formas concretas elas fazem prevalecer seus interesses e suas concepções no confronto com as demais.
Nessa pesquisa, no entanto, fol possível documentar a relação entre os atores e as forças sociais, em cenários públicos e privados, através da reconstituição da história feita em grande parte pelos próprios atores.
Agradecimentos
Este livro é fruto de uma pesquisa cujo texto básico foi produzido ao longo de três anos consecutivos. Ele encerra o percurso intelectual e acadêmico de uma década de vivência como estudante universitário. Durante esse período, as mais variadas pessoas me beneficiaram com seu diálogo e amizade. Lamentavelmente, não posso expressar meu agradecimento a cada um em particular, pois a relação seria extensa; entretanto, algumas pessoas merecem especial destaque. Aron Neumann, in memoriam, foi modelo de persistência e dedicação, amigo nas horas certas. O Prof. Aryeh Grabois, o Prof. Abraham Yassour e o Prof. Teodor Shania foram exemplos de seriedade acadêmica quando da minha passagem, como estudante, pela University of Haifa, Israel. Tive o privilégio de participar, na Leeds University, Inglaterra, do curso de mestrado sob a crientação do Prol. Ralph Miliband e do Prof. Hamza Alavi; nesse fértil ambiente de discussão, expandiram se meus horizontes intelectuais e passei a esboçar muitas das questões e problemas que levaram à definição da temática da minha tese, agora transformada em livro. Na realização deste trabalho, usufrui da boa vontade de muitos amigos e colegas da University of Glasgow, Escócia, que devotaram tempo e esforço, fazendo críticas às versões preliminares. Agradeço especialmente a Otávio Dulci, que me brindou com sua acurada compreensão da realidade brasileira, a Régis de Castro Andrade, pelo diálogo frutifero e profunda sensibilidade, a Herbert de Sousa, que visualizou o alcance deste trabalho e me incentivou a realizá-lo, e a Galeno de Freitas, cujo conhecimento da vida política do Brasil foi de grande ajuda. Meu reconhecimento vai para o Prof. Emil Rado, conselheiro para pós-graduados da University of Glasgow, e para o Prof. Andrew Skinner, diretor do Comitê de Pós-Graduação, sem cuja equilibrada intervenção no conflito que motivou a mudança de orientador de tese eu não teria tido a tranquilidade para realizar este trabalho, Minha gratidão é imensa para com o Dr. Simon Mitchell, que assumiu a meio caminho a orientação da tese e cuja extrema dedicação, sensibilidade e críticas perspicazes foram fundamentais para concluir a tese. Brian Poll, professor e amigo, me estimulou durante s elaboração do trabalho e me deu pleno apoio moral para enfrentar as dificuldades extrínsecas ao mérito da pesquisa. David Stansfield, Francis Lambert, John Parker e Phil O'Brien, professores do Institute of Latin American Studies da Univecsity of Glasgow, também me encorajoram. Desejo registrar meu agradecimento so Social Science Research Council da Grã-Bretanha. Sob os auspícios de seu desinteressado apoio, realizei, de 1976 a 1980, a pesquisa de campo no Brasil e nos Estados Unidos da qual extraí fundamentos para este livro. Uma grande parte da versão original deste trabalho foi datilografada com muito empenho e carinho por Ruth Res, em Glasgow. Também cooperaram May Townsley e Anne Res, secretárias do ILAS, Yvonne Guerrero e as bibliotecárias do ILAS e da University of Glasgow. Fui afortunado em ter Else, Ayeska, Ceres e Glória na tradução do livro, o que fizeram com dedicação e senso profissional, corrigindo erros e ajudando a melhorar o estilo. Agradeço-lhes, mesmo se nem sempre soube seguir os seus conselhos. Aurea, a minha mulher, me deu seu apoio constante, sua companhia de todas as horas, fundamenta! pars quem trabalha sob a pressão de realizar uma pesquisa desta envergadura, mesmo em detrimento de seus próprios estudos. A ela, por tanto... e por muito mais...
Nenhuma das pessoas acima mencionadas tem responsabilidade alguma pelos conceitos aqui emitidos, nem pelos dados e documentos apresentados, que é só minha.
RA. Dreifuss
A formação do populismo
Até 1930, o Estado brasileiro foi liderado por uma oligarquia[1] agro-comercial, na qual predominavam as elites rurais do nordeste, os plantadores de café de São Paulo e os interesses comerciais exportadores?[2]
Essa oligarquia formou um bloco de poder[3] de interesses agrários, agro-exportadores e interesses comerciais importadores dentro de um contexto neo-colonial, bloco este que foi marcado pelas deformidades de uma classe que era ao mesmo tempo “cliente-dominante”.[4] Foi sob a tutela política e ideológica desse bloco de poder oligárquico e também sob a influência da supremacia comercial britânica nos últimos vinte e cinco anos do século XIX que se formou a burguesia industrial.[5]
Notas bibliográficas
- ↑ O termo oligarquia, da forma em que é usado nesta análise, engloba capitalistas com interesses comerciais exportadores, latifundiários e elementos da burguesia agrária. designando o círculo restrito das classes dominantes da República Velha e que ainda eram economicamente poderosos durante a Segunda República. Sobre o conceito de oligarquia e a questão da legitimação oligárquica. vide Alain ROUQUIE. Oligarquia o burguesia: el problema de los grupos dominantes en América Latina. Bielefeld. mar 1978. Mimeo-grafado.
- ↑ Para uma análise do período, vide (a) Fernando H. CARDOSO & Enzo FALETTO – Dependência e desenvolvimento na América Latina Rio de Janeiro. Zahar. 1970. (b) Luciano MARTINS. Pouvoir et développèment économique. Paris. Ed. An-Ihropos. 1976. Cap. |.
- ↑ Sobre o conceito de bloco de poder, vide Nicos POULANTZAS. Political power and social classes. London, NLB, 1975. p. 141. 229-45.
- ↑ Octavio IANNJ el alii. Processo político e desenvolvimento econômico In: Política e revolução social no Brasil. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira. 1965, p. 16-17.
- ↑ Sobre a origem da indústria, vide Sérgio SILVA. Expansão ca ferira e origens da Indústria no Brasil. Rio de Janeiro. Ed. Alfa-Omcga. 1976.