Da Ocasião da Fundação do Exército de Guerrilha Popular Anti-Japonês, de Kim Il-sung

Da Ocasião da Fundação do Exército de Guerrilha Popular Anti-Japonês
Escrito em	1932
Tipo	Discurso
Fonte	Banned Thought

Camaradas,

Hoje, estamos organizando um Exército Guerrilheiro Popular Anti-Japonês para esmagar os bandidos-imperialistas japoneses por meio de uma luta armada e alcançar a causa histórica da libertação nacional.

Já se passaram mais de 20 anos desde que os imperialistas japoneses ocuparam nossa terra natal. Nosso país, a tapeçaria dourada de três mil ri, agora se tornou uma colônia completa, sob o jugo dos imperialistas japoneses. Nosso povo, com seus 5.000 anos de história e de cultura brilhante, foi duramente explorado e oprimido como escravo colonial. Os infortúnios de nosso país e de nosso povo estão se multiplicando à medida que o imperialismo japonês se torna cada vez mais ambicioso em sua invasão continental.

Em setembro passado, os imperialistas japoneses ocuparam a Manchúria, provocando uma guerra agressiva. Com a intenção de espalhar sua agressão pelo continente, eles são ainda mais ultrajantes ao cometer terrorismo branco contra o povo coreano.

Em uma tentativa de transformar a Coreia em uma "retaguarda durável" para sua agressão continental, os imperialistas japoneses chegaram ao ponto de privar nosso povo de todas as suas liberdades políticas elementares - liberdade de expressão, imprensa, reunião e associação - e estão bloqueando seu avanço revolucionário com a ponta da baioneta, deleitando-se na detenção, prisão e massacre em massa de pessoas inocentes em todos os lugares.

A brutalidade dos imperialistas japoneses contra o povo coreano chegaram ao extremo no leste e em outras partes da Manchúria também. Com o objetivo de frustrar a luta anti-japonesa de nosso povo, eles atacam as cidades coreanas e as pessoas que as habitam, correndo soltos para matar todos, deixá-los sem lar e assaltá-los. Assim, nossos compatriotas privados de seu país estão sendo massacrados até mesmo nesta terra estrangeira. A situação exige que nosso povo adote a alternativa - morrer de joelhos ou se levantar e lutar para sobreviver.

Nosso povo agora se levantou com determinação e está lutando em todos os lugares contra as barbaridades dos imperialistas japoneses.

Os trabalhadores e camponeses estão respondendo com violência para combater a repressão fascista do imperialismo japonês, e grupos de jovens patriotas ativos estão buscando uma nova forma de luta. Hoje, nesta estação magra de primavera, mais de 100.000 camponeses, liderados por jovens comunistas coreanos, começaram a lutar contra os imperialistas japoneses, seus lacaios e os proprietários reacionários em Yanji, Wangqing, Helong, Hunchun e muitos outros lugares ao longo do rio Tuman.

O povo chinês também está travando uma luta vigorosa contra o imperialismo japonês. Eles lançaram um movimento de salvação nacional anti-japonês contra a tomada da Manchúria pelos imperialistas japoneses; formaram o Exército de Salvação Nacional Anti-Japonês, os Voluntários Anti-japoneses e outras unidades nacionalistas anti-japonesas no leste da Manchúria e em muitos outros lugares.

Todos esses acontecimentos comprovam a correção da linha de luta armada que apresentamos em Kalun, no condado de Changchun, há dois anos. De fato, agora é o melhor momento, o momento mais apropriado para organizarmos forças armadas revolucionárias maciças e travarmos uma luta armada em grande escala.

Nós, jovens comunistas e o povo revolucionário, lançamos as bases para a formação de um exército guerrilheiro popular por meio de uma longa e sangrenta luta.

Em julho de 1930, formamos o Exército Revolucionário Coreano como as bases para a formação de um exército guerrilheiro popular por meio de uma longa e sangrenta luta.

Em julho de 1930, formamos o Exército Revolucionário Coreano como o primeiro passo na preparação para a luta armada. O ERC foi a primeira organização armada marxista-leninista em nosso país. Os membros do ERC foram a muitas áreas urbanas e rurais e realizaram vigorosas atividades políticas e militares entre os trabalhadores, camponeses, jovens e estudantes, preparando-se para formar o exército guerrilheiro.

Mais tarde, formamos a Liga da Juventude Comunista e muitas outras organizações revolucionárias em várias localidades.

Também organizamos os Guardas Vermelhos em todos os lugares, uma organização paramilitar, bem como equipes de guerrilha, embora não grandes, em muitas partes do leste da Manchúria.

Ao acelerar os preparativos para a fundação de um exército guerrilheiro dessa forma, estabelecemos uma base sólida para a formação do Exército Guerrilheiro Popular Anti-Japonês.

Fizemos grandes esforços para treinar a espinha dorsal organizacional da EGPAJ; intensificamos a vida organizada entre o s membros do KRA, do LJC e da Liga da Juventude Anti-Imperialista para temperar suas mentes e força de vontade com mais firmeza de forma revolucionária e para incentivá-los a acumular a valiosa experiência necessária para a luta revolucionária.

Uma das questões importantes na preparação da organização da EGPAJ era melhorar as relações com as unidades anti-japonesas nacionalistas chinesas. Como resultado do levante de 30 de maio arquitetada pelos aventureiros de "esquerda" e o "incidente de Wanbaoshan", criado pelos imperialistas japoneses para jogar o povo chinês contra o povo coreano e fornecer um pretexto para invadir a Manchúria, alguns chineses e unidades nacionalistas anti-japonesas na Manchúria entenderam mal o povo coreano e os comunistas em um determinado momento. Eles eram hostis ao povo coreano e aos comunistas e os prejudicaram, enquanto na Coreia alguns arruaceiros, instigados pelos imperialistas japoneses, lançaram uma "Campanha Contra os Chineses". Isso agravou muito as relações entre o povo coreano e o chinês. No entanto, fomos até as unidades anti-japonesas nacionalistas da China e trabalhamos lá pacientemente, mostrando-lhes, com o risco de nossas vidas, exemplos práticos de luta resoluta contra os imperialistas japoneses. Assim, melhoramos consideravelmente as relações entre os povos coreano e chinês e ajudamos algumas dessas unidades, antes hostis a nós, a dissipar seus mal-entendidos e a se juntar a nós na luta anti-japonês.

Nós nos esforçamos para despertar as massas populares politicamente e uni-las organizacionalmente. Dessa forma, estabelecemos bases sólidas entre as massas revolucionadas para a luta armada em muitas áreas rurais ao longo do rio Tuman.

Com base nos sucessos obtidos na preparação para formar um exército guerrilheiro popular, estamos agora organizando o Exército Guerrilheiro Popular Anti-Japonês, a primeira força armada revolucionária marxista-leninista em nosso país, e proclamando sua fundação.

O EGPAJ é formada por trabalhadores, camponeses e jovens patriotas que se opõem aos imperialistas japoneses e seus fantoches e amam seu país e seu povo; é uma força armada revolucionária que se dedicará a proteger os interesses do povo.

O objetivo e a missão do exército guerrilheiro do povo é derrubar o domínio colonial do imperialismo japonês na Coreia e levar a independência nacional e a emancipação social ao povo coreano.

A fundação da EGPAJ nos proporciona a força motriz que empreenderá e impulsionará diretamente a luta armada, a corrente principal do movimento de libertação nacional anti-japonês em nosso país, e a possibilidade de desferir golpes decisivos contra os agressores e levar a luta de libertação nacional anti-japonesas a um estágio mais elevado.

A fundação do EGPAJ abrirá uma fase na implementação da linha da frente unida anti-japonesa e da política de fundação de um partido marxista-leninista, revigorando e encorajando enormemente o povo coreano, que está gemendo sob o jugo colonial imposto a ele pelo imperialismo japonês e inspirando- o na luta anti-japonesa.

Camaradas,

Devemos nos dedicar à luta armada e lançá-la em escala total, conforme exigido pela situação prevalecente.

Para isso, precisamos primeiro fortalecer a EGPAJ.

Somente quando fortalecido para se tornar uma grande força armada revolucionária, o exército guerrilheiro do povo poderá dar um golpe decisivo nas forças armadas contrarrevolucionárias dos imperialistas japoneses, desenvolver a luta armada em escopo e força e aumentar sua influência para promover ainda mais a revolução coreana como um todo.

Para consolidar o exército guerrilheiro, todos os seus oficiais e homens de comando devem ser ilimitadamente leais à revolução.

Um alto grau de determinação revolucionária e lealdade infinita à revolução são a fonte da força do exército guerrilheiro do povo e uma garantia decisiva de seu triunfo sobre o imperialismo japonês. Portanto, todos os seus comandantes e soldados rasos devem se equipar completamente com o marxismo-leninismo e com a estratégia e as táticas da revolução coreana por meio de estudos políticos diligentes e constantemente se esforçar na luta. Dessa forma, eles adquirirão uma firme visão revolucionária do mundo e serão fiéis à revolução em qualquer adversidade.

Além disso, eles devem amar uns aos outros, assegurar uma unidade inquebrantável de ideologia e propósito, defender os interesses vitais das massas, manter laços de parentesco com elas e observar uma disciplina férrea, de modo a dar pleno uso ao seu excelente caráter político e moral como um verdadeiro exército do povo, um exército revolucionário.

Se quisermos vencer nossa batalha contra os saqueadores imperialistas japoneses, precisamos expandir as fileiras da guerrilha o mais rápido possível. Para isso, devemos primeiro alistar muitos jovens patriotas progressistas testados na luta prática. Essa é a maneira de tornar o exército guerrilheiro do povo um verdadeiro exército do povo, um exército revolucionário.

Ao mesmo tempo em que aumentamos as fileiras da guerrilha, precisamos obter mais armas. O patriotismo por si só não será suficiente para derrotar os imperialistas japoneses armados com armas modernas altamente eficazes. Para derrotar o inimigo armado, precisamos nos armar.

Devemos melhorar constantemente as armas e os equipamentos dos guerrilheiros, capturando armas do inimigo por meio de ataques surpresa, bem como fabricando-as para nós mesmos.

Para fortalecer ainda mais o EGPAJ, seus comandantes e homens devem adquirir táticas de guerrilha hábeis e aplicá-las com habilidade.

O domínio dessas táticas lhes permitirá paralisar com uma pequena força um inimigo numericamente e tecnicamente superior, destruí-lo e também capturar suas armas.

No momento, os comandantes e as bases do exército guerrilheiro não são bem versados em guerrilha. Pior ainda, não temos nenhuma experiência de guerra de guerrilha que possa ser útil em nossa luta contra os imperialistas japoneses, pois não temos uma frente interna e nenhum apoio do exército regular.

Portanto, temos que acumular experiência de combate e criar uma tática de guerrilha após a outra por meio de batalhas incessantes.

Devemos tornar um princípio básico da guerra de guerrilha a eliminação do maior número possível de tropas inimigas, preservando ao máximo a força de guerrilha. Para isso, devemos avaliar corretamente a situação e o equilíbrio de forças entre o amigo e o inimigo e, com base nisso, atacar o inimigo somente quando tivermos certeza da vitória.

Ao tomar a iniciativa e realizar batalhas ativas,devemos conseguir a combinação adequada entre a preservação da força dos guerrilheiros e destruir o inimigo.

Para eliminar muitas tropas inimigas e, ao mesmo tempo, preservar suas próprias forças, o exército guerrilheiro deve compreender corretamente os pontos fracos do inimigo e usá- los como vantagem. As tropas imperialistas japonesas têm fraquezas inerentes aos agressores e muitas outras vulnerabilidades e limitações. Por exemplo, elas não estão familiarizadas com as condições geográficas dessa área. Ao trabalhar ativamente esses pontos fracos e fazer o melhor uso deles, devemos manter o inimigo na defensiva e destruí-lo incessantemente, emboscando-o e atacando-o em todos os lugares.

Em seguida, devemos nos esforçar para estabelecer zonas de guerrilha ao longo do rio Tuman, na ponta norte da Coreia e no leste da Manchúria, para facilitar as operações do exército de guerrilha do povo.

Os guerrilheiros precisam de bases para se apoiar nas operações de combate.

Nas atuais circunstâncias, creio que a área do rio Tuman é a mais adequada para bases de guerrilha, tendo em vista as condições geográficas e a composição da população.

Devemos elaborar uma política para expandir ainda mais as bases de guerrilha e desenvolver ações de guerrilha no futuro, em estreita coordenação com o Exército de Independência da Coreia que atua na área ao longo do rio Amnok e no sul da Manchúria. Enquanto isso, devemos trazer gradualmente as bases revolucionárias para a região mais perto de nossa terra natal, mantendo laços organizacionais mais estreitos com os órgãos revolucionários de nosso lar.

Para continuar. Devemos nos esforçar mais para formar uma frente unida anti-japonesa com o povo chinês.

Para isso, devemos formar uma frente aliada anti-japonesa com as unidades nacionalistas chinesas anti-japonesas.

Elas são uma força armada que pode se juntar a nós na luta contra o imperialismo japonês, o inimigo comum do povo coreano e chinês. As unidades nacionalistas anti-japonesas constituem uma força armada considerável; elas estão envolvidas em atividades militares, ocupando amplas áreas da Manchúria. É por isso que uma frente aliada do exército guerrilheiro do povo e das unidades nacionalistas chinesas antijaponesas é muito importante para isolar e enfraquecer ainda mais as forças imperialistas japonesas de agressão e para garantir a preponderância definitiva das forças armadas antijaponesas.

Já melhoramos nossas relações com eles até certo ponto por meio de nosso trabalho incansável e paciente com eles.

No entanto, o relacionamento entre o exército guerrilheiro popular e as unidades nacionalistas anti-japonesas ainda não atingiu o estágio em que uma frente aliada anti-japonesa em grande escala possa ser formada; alguns oficiais e homens dessas unidades, enganados pelo esquema imperialista japonês para afastar as nações umas das outras, são hostis aos comunistas coreanos e ao EGPAJ. Portanto, devemos continuar a trabalhar nas unidades nacionalistas anti-nipônicas com paciência e persistência.

Para intensificar nossas atividades entre as unidades nacionalistas anti-japonesas, devemos, em primeiro lugar, formar mais destacamentos especiais de comunistas coreanos e aprimorar seu papel.

Como as guerrilhas ainda não são suficientemente fortes e alguns oficiais e homens das unidades nacionalistas anti-japonesas são antagônicos aos comunistas coreanos e à guerrilha popular, devemos melhorar nossas relações com as unidades anti-japonesas por meio das atividades dos destacamentos especiais e nos preparar, passo a passo, para uma frente aliada anti-japonesa em grande escala, construindo o exército guerrilheiro do povo.

Os destacamentos especiais devem penetrar nas unidades nacionalistas anti-japonesas e lutar junto com elas, além de convencer seus oficiais e homens, por meio de persuasão e exemplos práticos, de que os comunistas coreanos e os guerrilheiros populares anti-japoneses são patriotas e lutadores genuínos que são corajosos na batalha contra os agressores japoneses, de modo a ajudá-los a ter uma compreensão correta dos comunistas coreanos e a participar ativamente da luta anti-japonesa.

Com o objetivo de melhorar nosso trabalho com as unidades nacionalistas antijaponesas, devemos também aprimorar o papel do Comitê de Soldados Anti-japoneses.

Nosso trabalho com as unidades nacionalistas anti- japonesas está se expandindo a cada dia; portanto, é uma questão da maior urgência elevar o papel desse comitê, que está envolvido exclusivamente no trabalho com essas unidades.

O Comitê de Soldados Anti-japoneses deve coordenar esforços para compreender e resolver os problemas que surgem no trabalho com as unidades nacionalistas anti-japonesas e corrigir prontamente possíveis desvios.

Se quisermos ter sucesso em nosso trabalho com essas unidades, devemos envolver ativamente todos os guerrilheiros do povo e as amplas seções das massas revolucionárias nesse trabalho e conduzi-lo como um grande movimento de massa.

Isso fará com que essas unidades eliminem seu preconceito contra os coreanos e nossos comunistas.

Além disso, o exército guerrilheiro do povo deve trabalhar bem com as massas para que possa fortalecer os laços de parentesco e desfrutar de seu apoio ativo e incentivo na batalha.

Agora estamos lutando contra o formidável imperialismo japonês em circunstâncias difíceis, sem frente interna nem ajuda externa.

Devemos acreditar apenas em nossa força unida e ter a firme convicção de que podemos derrotar o inimigo com nossa própria força. Por nossa própria força, quero dizer as massas organizadas e unidas do povo.

Devemos acreditar precisamente na força do povo organizado e unido e continuar a guerra de guerrilha, confiando em sua força.

Os laços de parentesco com as massas populares e seu apoio e incentivo ativos são a fonte da força do exército guerrilheiro do povo e a principal garantia de vitória. Portanto, os guerrilheiros do povo devem estabelecer firmemente em suas fileiras um ponto de vista e uma atitude revolucionários corretos em relação às massas e uma disciplina de proteger zelosamente a vida e a propriedade do povo; eles devem lutar, em qualquer lugar e a qualquer momento, contando com a força das massas populares, e proteger firmemente os interesses do povo.

Além disso, a EGPAJ deve se dedicar ao trabalho organizacional e político entre as massas dos povos coreano e chinês, de modo a obter todo o apoio e incentivo delas. Ele deve desenvolver vigorosamente a luta política contra o imperialismo japonês em todos os lugares, juntamente com a luta armada.

Camaradas,

Somos o primeiro contingente do orgulhoso Exército Guerrilheiro Popular Anti-Japonês a moldar o destino do país e do povo.

O futuro do país e das pessoas depende inteiramente de como lutamos.

Devemos cumprir nosso dever para com o país e o povo com crédito, superando quaisquer dificuldades e obstáculos que possam surgir.

Vamos todos erguer mais alto a bandeira vermelha da revolução e lançar uma vigorosa luta armada contra o imperialismo japonês para vencer a causa histórica da libertação nacional.