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Consciência de classe é um termo desenvolvido por György Lukács, um filósofo, historiador e crítico literário marxista. O termo foi desenvolvido em sua obra máxima acerca do tema, História e Consciência de Classe, de 1923.
"Ao se relacionar a consciência com a totalidade da sociedade, torna-se possível reconhecer os pensamentos e os sentimentos que os homens teriam tido numa determinada situação da sua vida, se tivessem sido capazes de compreender perfeitamente essa situação e os interesses dela decorrentes, tanto em relação à ação imediata, quanto em relação à estrutura de toda a sociedade conforme esses interesses. Reconhece, portanto, entre outras coisas, os pensamentos que estão em conformidade com sua situação objetiva.
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Ora, a reação racional adequada, que deve ser adjudicada a uma situação típica determinada no processo de produção, é a consciência de classe."
– Itálico do autor, grifo nosso.[1]
Ou, em outras palavras, a consciência de classe não é mero entendimento individual e "psicológico" de que um indivíduo pertence a classe trabalhadora, mas sim, a reação racional de um indivíduo quando deparado com a sua situação dentro do processo produtivo. Nesse sentido, a verdadeira consciência de classe não é "a consciência de um indivíduo de que ele está em uma classe", mas sim, a consciência racional desenvolvida por um proletário de que ele, enquanto indivíduo, vive em uma sociedade de classes, e de que é de seu próprio interesse destruir dita sociedade.
Segundo Lukáks, pode surgir também uma "falsa" consciência de classe, que não compreende o desenvolvimento histórico objetivo da sociedade de classes, e portanto, de sua própria classe. Isso porque, para que a "verdadeira" consciência de classe seja alcançada, é necessário abdicar de sua posição classista, e renunciar voluntariamente à dominação de classe, verificando de forma científica e exterior à luta de classes, para onde e como se desenvolve a sociedade.[2] Portanto, como apenas o proletariado é capaz de abdicar de sua dominação ao extinguir a sociedade de classes, por este ser o seu interesse fundamental, apenas o proletariado é capaz de alcançar a consciência de classe.
É importante citar também que o autor distingue, qualitativamente e estruturalmente, as "falsas" consciências, ainda que a avaliação e a criação de uma tipologia sistemática não seja de interesse do autor no livro.[3]
- ↑ Autor: Georg Lukács; Tradução: Rodnei Nascimento; Revisão da tradução: Karina Jannini (Obra original em 1920, edição em 2003). História e Consciência de Classe (pp. 141-142). São Paulo: Martins Fontes.
- ↑ Ibid., p. 147
- ↑ Ibid., p. 148