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Mercadoria é qualquer bem ou serviço feito especificamente para ser vendido. Mercadorias tem dois aspectos, seu valor de uso, adquirido pela avaliação social, e portanto humana, sobre suas qualidades físicas, e seu valor de troca, que é a relação quantitativa que estabelece uma igualdade entre a mercadoria em questão e outras mercadorias. Lenin sintetiza ambos termos na seguinte frase:
"A mercadoria é, em primeiro lugar, uma coisa que satisfaz uma necessidade qualquer do homem; em segundo lugar, é uma coisa que se pode trocar por outra. A utilidade de uma coisa faz dela um valor de uso. O valor de troca (ou simplesmente o valor) é, em primeiro lugar, a relação, a proporção na troca de um certo número de valores de uso de uma espécie contra um certo número de valores de uso de outra espécie" — Grifos próprios
Definição[editar | editar código-fonte]
No Marxismo, uma mercadoria é um produto, bem ou serviço, feito através da força de trabalho dos seres humanos, que está a venda no mercado para ser vendido e comprado. Produtos que não são feitos para serem comprados não são mercadorias.
O capitalismo tem como principal consequência a universalização da mercadoria. Isto é, até coisas que tipicamente não fariam parte do processo de acumulação de capital, seja por não serem facilmente quantificáveis ou por serem de fácil acesso, são artificialmente reconfiguradas para atender a forma mercadoria. Um exemplo são as patentes, que representam quantidades "fixas" de conhecimento técnico. Outro exemplo são as estradas, que por natureza são bens de uso público, e portanto, não lucrativas, mas que são mercantilizadas através de pedágios. Serviços como educação, saúde, e até mesmo a segurança também sofrem constantes ataques em direção a sua mercantilização, já que isso significa que novos setores da economia serão abertos, e portanto, novas áreas para que a burguesia aumente seu capital.
Mercadorias especiais[editar | editar código-fonte]
O marxismo entende que existem duas mercadorias com propriedades especiais em relação ao restante das mercadorias:
- A força de trabalho, que é a única mercadoria capaz de criar valor.
- O dinheiro, que funciona como medida de valor intermediário entre mercadorias, assim como meio de circulação.
Suas propriedades podem ser conferidas nas páginas relevantes.
Origem histórica[editar | editar código-fonte]
Karl Marx argumenta que a comercialização de mercadorias se inicia nos limites territoriais de diferentes comunidades econômicas, se baseando, em um primeiro momento, na venda de produtos cuja produção não poderia ser totalmente consumida pela comunidade local. Ou seja, o comércio primitivo se baseava na troca de excedentes de produção, sejam eles ocasionais ou permanentes. Para essas comunidades, torna-se conveniente trocar estes bens excedentes por outros produtos que não são disponíveis em mesma abundância em suas comunidades econômicas. Marx chama esse tipo de comércio de "troca simples", conhecido no Brasil como escambo.
Além disso, como esse comércio acontecia de forma espontânea, os produtos comercializados não eram feitos para serem vendidos. Ou seja, não eram ainda mercadorias, no sentido marxista da palavra. Com o passar do tempo, o comércio entre diferentes comunidades se tornou rotineiro, e tornou-se cada vez mais relevante na vida econômica das comunidades. Com o aumento da relevância econômica do comércio, alguns fenômenos aconteceram:
- A produção passou a se voltar para o comércio.
- Algumas mercadorias passam a ser adotadas como mediadoras de valor entre outras mercadorias. Geralmente o ouro ou a prata são dinheiro.
- Começam a aparecer espaços físicos onde o comércio ocorre regularmente, os chamados "mercados".
Além disso, novas classes sociais aparecem:
- Surgem os comerciantes, responsáveis por comprar, transportar e vender mercadorias entre diferentes mercados.
- Dentre os senhores de terra, surgem os banqueiros, que oferecem crédito aos comerciantes.
Os proprietários de terra, os comerciantes e os banqueiros passam a ter um objetivo claro: a acumulação de riqueza, e mais especificamente, a acumulação de dinheiro, e para isso agem como mediadores entre produtores e consumidores. Os produtos se tornam em mercadorias, pois passam a ser feitos especificamente para serem vendidos para outros mercados através de comerciantes, e o valor de troca passa a ter uma expressão monetária: o preço, geralmente medido em ouro ou prata, que eram utilizados como dinheiro.
O capitalismo moderno se baseia, segundo Karl Marx, na generalização da produção de mercadorias, assim como na criação de um mercado universal. Isso significa dizer que todos os bens no capitalismo se tornam precificáveis e vendíveis, enquanto que novos bens são constantemente criados em massa especificamente para serem vendidos, o que inclui os meios de produção e até mesmo o trabalho humano (veja força de trabalho). Como consequência, a produção passa a ser explicitamente guiada pela demanda do mercado.